Ponto G
Oxford Booties
31/01/2011
30/01/2011
Escrever. Escrever numa manhã que desperta com o soluçar do vento. Escrever a meia-luz numa tarde gélida com ameaça de chuva. Escrever enquanto o frio da noite atravessa os pontos de lã do casaco dentro do qual tremo. Escrever numa esplanada com vista mar, escrever na areia, assistir ao tropeçar da onda que se aproxima. Escrever no verso de um talão de supermercado, num envelope ainda selado, escrever na palma da mão (a minha), escrever nas costas (as dele). Escrever com sofreguidão para que as palavras não emudeçam. Escrever embalada pelas colcheias e tercinas de Schubert. Escrever de olhos fechados, saboreando o silêncio que torna ainda mais apetecível a escrita. Escrever um memorando que fica guardado numa gaveta. Escrever uma carta de amor sem o propósito de a enviar. Escrever. Semear palavras nas muitas fissuras que cabem numa vida. Escrever um soneto, um manifesto, um manual de sobrevivência... Escrever. Muito. Sempre. Escrever.
29/01/2011
27/01/2011
25/01/2011
O tempo ensinou-me que provocações do meu irmão são uma tentativa turbulenta de manifestar o amor que me tem. E se houve alturas em que o desconforto era patente - essa altivez conservadora enervava-me - hoje reconheço que gosto do confronto, gosto que ele me ame assim; com impaciência, com violência e uma pontinha de admiração, que nunca reconhece e disfarça de desconsideração.
24/01/2011
23/01/2011
20/01/2011
Ele fala num castelhano perfeito, um castelhano sossegado, que não tem pressa de partir nem procura chegar a destino algum, um castelhano doce e morno. Retribuo com um sorriso e em silêncio, e finjo dedicar-lhe toda a minha atenção, mas não consigo evitar perder-me algures entre a semântica e a fonética. E depois há as palavras, as minhas, que se acumulam na ponta da língua. Uma boca em tumulto, cheia de vocábulos como uma mão cheia de pedras. Para evitar o confronto e o desconforto recorro à mordaça; exercício particularmente difícil para quem como eu, padece de impetuosidade. Pouso-as numa estante em prateleira alta, empurro-as para o canto do prato, atiro-as para debaixo do tapete, ignoro-as como se de um som desarmónico se tratasse. Elas persistem, ecoam, imperativas, obstinadas - como um vulcão que emerge debaixo do soalho, e cujo som culpado apenas eu oiço.
19/01/2011
Seguro um vómito que se manifesta na garganta. Quero acreditar que isto é um sinal de uma violenta depressão pós parto... Ninguém merece.
17/01/2011
Golden Globes Red Carpet
Prémio Lésbica vestida à lésbica
Prémio Foda-se não consigo definir isto
Prémio Cortinado da casa de campo
Prémio Inspirado em lingerie ou I'm the hooker!
Prémio Perfeita para um postal de S. Valentim
Prémio Sobrancelha Botox Lifting
Prémio Noiva gótica
Prémio João Rôlo em Hollywood?!?!
Prémio Precisam-se mamas
Prémio A Vivienne Westwood está agarrada ao cavalo (e não é de agora)
Prémio Lésbica vestida à lésbica
Prémio Foda-se não consigo definir isto
Prémio Cortinado da casa de campo
Prémio Inspirado em lingerie ou I'm the hooker!
Prémio Perfeita para um postal de S. Valentim
Prémio Sobrancelha Botox Lifting
Prémio Noiva gótica
Prémio João Rôlo em Hollywood?!?!
Prémio Precisam-se mamas
Prémio A Vivienne Westwood está agarrada ao cavalo (e não é de agora)
16/01/2011
14/01/2011
Deixei de pertencer ao signo de Gémeos e fui elevada à categoria de bovino. Explicar uma alteração desta natureza obriga a entrar em conceitos tão complexos como a astrofísica, a lei da gravitação universal, da mecânica celeste e outras doutrinas do cagalhão... Não é fácil lidar com este tipo de metamorfoses, além de que, adicionar novas caralhadas do foro psiquiátrico ao meu já perturbador historial clínico é no mínimo desumano.
Roubaram-me a identidade e implantaram-me tomates. Não se faz.
Roubaram-me a identidade e implantaram-me tomates. Não se faz.
13/01/2011
Comecei a ter dúvidas enquanto percorria o corredor dos produtos higiénicos no Pingo-Doce: "Será que ainda te queria? Será que é desta que os Beckham vão ter a tão esperada menina? Devo ou não fazer uma rinoplastia? Gostava de ter um nariz perfeitinho. Será que o Coentrão vai permanecer no Benfica na próxima temporada? Quem estará por detrás do movimento Zeitgeist? " Sou uma mulher profundamente angustiada. Depois decidi levar a máscara Anti-Quebra da Pantene.
11/01/2011
09/01/2011
08/01/2011
Chamada anónima. Outra vez. Presumo que tenhas saudade da minha voz. Presumo que sejas tu. Atendo e fico na esperança de que não seja um monólogo mas do outro lado o silêncio impera, um silêncio que não amordaça o constante ruído da tua mente. Desta vez durou menos de 10 segundos e foi uma pena. Queria mesmo que ficasses para ouvir Guillemots.
07/01/2011
Fui convidada para a despedida de solteiro do príncipe William. Como devem calcular, não posso faltar. Também tenho Berlim nos horizontes e um regresso a Barcelona prometido à muito (este ano é que é!). Pelo meio, tenho de arranjar espaço, leia-se dinheiro, para dar umas escapadelas a Lisboa, o Benfica é uma religião.
Já estive mais longe de me prostituir.
Já estive mais longe de me prostituir.
06/01/2011
05/01/2011
Aprendi com o tempo a lembrar-me de ti, todos os teus pormenores - a lembrar-me de ti até existires em mim apenas tu. As tuas mãos, a cicatriz que trazes tatuada no ombro, o teu peito, pescoço, a tua boca perfeita, os teus olhos cor de amêndoa, pestanas, sobrancelhas, orelhas, testa, cabelo... O teu corpo fragmentado, um puzzle.
Esta noite, a única coisa de que precisava para adormecer, era o conforto do vale que fica entre as tuas duas omoplatas.
Esta noite, a única coisa de que precisava para adormecer, era o conforto do vale que fica entre as tuas duas omoplatas.
04/01/2011
Este ano vou boicotar os saldos. Vou ignorar o vestido de caxemira da Massimo Dutti, a mala da Zara e até os botins Luís Onofre. Na realidade, fá-lo-ei sem esforço, até porque não há nada de que precise desesperadamente. Quer dizer... Haver até há, mas não me parece que o encontre numa prateleira de uma loja da baixa e tanto quanto sei, não está em saldos. E eu não estou disposta a pagar o preço.
03/01/2011
Tenho aversão às manhãs. Os meus despertares são difíceis. Podia escrever um livro sobre os violentos acordares que tenho - tensos, agonizantes, despojada de qualquer tipo de crença, de luz ou de energia. Regra geral acordo feita em nada e de nada. Regra geral vem-me uma vontade grande de morrer. Outras vezes - poucas - de amar.
02/01/2011
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